segunda-feira, 28 de março de 2011

É? Mesmo?

O Amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe,
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
(AC)

segunda-feira, 21 de março de 2011

To be, or not to be

"To be, or not to be: that is the question:
Whether 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? To die: to sleep;
No more; and by a sleep to say we end
The heart-ache and the thousand natural shocks
That flesh is heir to, 'tis a consummation
Devoutly to be wish'd. To die, to sleep;
To sleep: perchance to dream: ay, there's the rub;
For in that sleep of death what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause: there's the respect
That makes calamity of so long life;
For who would bear the whips and scorns of time,
The oppressor's wrong, the proud man's contumely,
The pangs of despised love, the law's delay,
The insolence of office and the spurns
That patient merit of the unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin? who would fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death,
The undiscover'd country from whose bourn
No traveller returns, puzzles the will
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all;
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o'er with the pale cast of thought,
And enterprises of great pith and moment
With this regard their currents turn awry,
And lose the name of action. - Soft you now!
The fair Ophelia! Nymph, in thy orisons
Be all my sins remember'd."


(William Shakespeare- (from Hamlet 3/1)

sexta-feira, 18 de março de 2011

À rasca???

Sabem que mais, tenho uma palavra a dar a todos os que abrem as goelas para gritarem que são uns coitadinhos que herdaram um país em crise e estão à rasca (mas a conduzir o carro dos pais, a viver na casa dos pais, a vangloriarem o canudo patrocinado pelos papás, a fumar o tabaco financiado adivinhem lá por quem...)
Foram para a rua num dia destes queixarem-se da miséria em que estão...
Burgueses de caviar e fatos nova-iorquinos... Juventudes partidárias acéfalas...
Os papás ensinaram a vestir salsa e a dançar ballet, mas porventura esqueceram-se de lhes ensinar a fazer contas, contas à vida.
E depois é tudo doutor. Nunca vi tanto "Dr" por metro quadrado. Viam-se à rasca na 3ªclasse para construir uma frase com predicado mas, foram para faculdades privadas tirar o belo do cursinho, em vez de 3 anos fizeram render o curso em 5 (são díficeis que pensais?), e depois qualquer assistente social é doutor. O sr do talho da minha terra também usa bata branca, deverei enunciá-lo tambem como Dr?
Nesse dia da manifestação, estava de folga e sabem que mais, fui plantar batatas com a minha mãe.
Obrigada mãe, que me ensinaste que as coisas não caem do céu, o leite não vem dos supermercados e o "dr" a preceder o nome não dignifica tanto como o trabalho. Sim, "trabalho", que hoje em dia não se querem "trabalhos", pretendem-se "empregos", e de preferência pouco exigentes.
Perdoai-lhes senhor que não sabem o que fazem. Ah pois, eles não fazem nada, mas perdoa-lhes na mesma...
À rasca?.. epá, os meus pais ensinaram a sua prole a ser diferente: agradecida distintos progenitores por me permitirem ficar na escassa parte da juventude que prefere ser geração "do desenrasca!"

domingo, 13 de março de 2011

toque de midas...

"Maravilhosa estupidez
Porque será que só tu não vês?
Esse prodígio extraordinário
Tens o toque de Midas, só que ao contrário!"

(Os Pinto Ferreira)

quinta-feira, 10 de março de 2011

coisas que cintilam*

"É preciso ter o caos cá dentro para gerar uma estrela"

(Nietzche)

quarta-feira, 9 de março de 2011

*)

"Good girls go to the heaven
bad girls go everywhere"

=P

domingo, 6 de março de 2011

"O que Sempre Soube das Mulheres"

Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-semesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até amais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça,mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco.

(Rui Zink-"Jornal Metro")