domingo, 24 de julho de 2011

Sê *

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.




(Pablo Neruda)

sábado, 23 de julho de 2011

......*

terça-feira, 19 de julho de 2011

..welcome to the XXI...



Das Utopias *

"Se as coisas são inatingíveis... ora!


Não é motivo para não querê-las...


Que tristes os caminhos, se não fora


A presença distante das estrelas!"



(Mário Quintana - Espelho Mágico)

domingo, 17 de julho de 2011

"A vida é maravilhosa se não se tem medo dela."


(Charles Chaplin)


E é mesmo!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

"QUANTAS PESSOAS SE TORNAM ABSTRATAS
COMO UM MEIO DE PARECER PROFUNDAS?"

(Joseph Joubert)

Queres namorar comigo?

"Namora uma rapariga que lê. Namora uma rapariga que gaste o dinheiro dela em livros, em vez de roupas. Ela tem problemas de arrumação porque tem demasiados livros. Namora uma rapariga que tenha uma lista de livros que quer ler, que tenha um cartão da biblioteca desde os doze anos.

Encontra uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por ler dentro da mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um grito imperceptível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente quando ficam amarelas

Ela é a rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a chávena, vês que a espuma do leite ainda paira por cima, porque ela já está absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de relance, porque a maior parte das raparigas que lêem não gostam de ser interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro.

Oferece-lhe outra chávena de café com leite.

Diz-lhe o que realmente pensas do Murakami. Descobre se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entende que, se ela disser ter percebido o Ulisses de James Joyce, é só para soar inteligente. Pergunta-lhe se gosta da Alice ou se gostaria de ser a Alice.

É fácil namorar com uma rapariga que lê. Oferece-lhe livros no dia de anos, no Natal e em datas de aniversários. Oferece-lhe palavras como presente, em poemas, em canções. Oferece-lhe Neruda, Pound, Sexton, cummings. Deixa-a saber que tu percebes que as palavras são amor. Percebe que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade – mas, caramba, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco com o seu livro favorito. Se ela conseguir, a culpa não será tua.

Ela tem de arriscar, de alguma maneira.

Mente-lhe. Se ela compreender a sintaxe, vai perceber a tua necessidade de mentir. Atrás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. Nunca será o fim do mundo.

Desilude-a. Porque uma rapariga que lê compreende que falhar conduz sempre ao clímax. Porque essas raparigas sabem que todas as coisas chegam ao fim. Que podes sempre escrever uma sequela. Que podes começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois.

Porquê assustares-te com tudo o que não és? As raparigas que lêem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Excepto na saga Crepúsculo.

Se encontrares uma rapariga que leia, mantém-na perto de ti. Quando a vires acordada às duas da manhã, a chorar e a apertar um livro contra o peito, faz-lhe uma chávena de chá e abraça-a. Podes perdê-la por um par de horas, mas ela volta para ti. Falará como se as personagens do livro fossem reais, porque são mesmo, durante algum tempo.

Vais declarar-te num balão de ar quente. Ou durante um concerto de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Pelo Skype.

Vais sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das vossas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. Ela vai apresentar os vossos filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos da vossa velhice e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto tu sacodes a neve das tuas botas.

Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê.

Ou, melhor ainda, namora uma rapariga que escreve."

(Texto de Rosemary Urquico, tradução “informal” de Carla Maia de Almeida)

terça-feira, 12 de julho de 2011

"O destino é severo, sejamos nós indulgentes. O que é preto, talvez não seja escuro"



(Victor Hugo)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Zaratustra contestou: "Por que eu? Não sou poderoso e nem tenho recursos!". Os outros seres responderam em coro: "Você tem tudo o que precisa, o que todos igualmente têm: Bons pensamentos, boas palavras e boas ações".

(F.N.)

Em busca de noticias para aqui comentar deparei-me com isto:


Crianças portuguesas são das que mais têm excesso de peso na Europa


De certeza que vai ser por pouco tempo, em breve serão dos mais magrinhos, é que mudei de link e dei logo com isto:



Prestação da casa sobe 40 euros com aumento dos juros do BCE



Se a isto juntarmos o aumento do IVA, o imposto sobre o o subsidio de Natal, o aumento dos combustíveis e dos transportes, a anulação de comparticipação nos medicamentos, o agravamento da taxa moderadora na saúde, a redução nas deduções para o IRS, diria mesmo que em breve as crianças portuguesas serão transparentes!



Mas o que eu acho mesmo piada é ouvir os políticos e/ou economistas dizerem que os portugueses têm que poupar mais. Poupar o quê car@l§£?
"We don't see things as they are, we see them as we are."

(Anaïs Nin)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

"Affection shall solve the problems


Of Freedom yet;


Those who love each other shall


Become invincible."



(Walt Whitman)

É?

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...

domingo, 3 de julho de 2011

Depressivo navegante.

Na Idade Média, o indivíduo considerado louco era confiado a mercadores e peregrinos que navegavam por mares, rios e canais da Europa, numa medida de esvaziar das cidades qualquer tipo de gente que incomodava a ordem da época.
Daí eu reproduzo esse texto de Michel Foucault:


"A água e navegação têm realmente esse papel. Fechado no navio, de onde não se escapa, o louco é entregue ao rio de mil braços, ao mar de mil caminhos, a essa grande incerteza exterior a tudo. É um prisioneiro no meio da mais livre, da mais aberta das estradas: solidamente acorrentado à infinita encruzilhada. É o Passageiro por excelência, isto é, o prisioneiro da passagem. E a terra à qual aportará não é conhecida, assim como não se sabe, quando desembarca, de que terra vem. a sua única verdade e a sua única pátria são essa extensão estéril entre duas terras que não lhe podem pertencer". (no livro História da Loucura).


Eis um retrato do depressivo moderno: é prisioneiro de sua liberdade; navega pelo mar de seu sofrimento delirante e, quando se dá por "curado", desembarca numa realidade diferente daquela que partira.

Se o da Vinci diz...

Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe.

(Leonardo da Vinci)

sábado, 2 de julho de 2011

Preciso

Não um amor de mesa posta, talheres de prata, toalha de renda, não um amor de terça-feira e domingo, água morna, gaveta arrumada.
Apaixona-te por mim no meio de uma tarde de chuva, rua alagada, rosas na mão, um calor de desmaiar, um amor faminto, urgente, latejante, um amor de carne, sangue e vazantes, um amor inadiável de perder o rumo, o prumo e o norte, um amor de morte. Não me dês um amor adestrado que senta, deita, rola e finge de morto, que late, lambe e dorme.
Uma paixão felina, apaixona-me sorrateiramente e assim que eu me distrair, crava-me os dentes, as unhas, rola comigo e perde-te em mim e sê tão grande a ponto de me deixar perder.
Ama as minhas curvas, a minha alma, espalha-te nos meus versos, nos meus reversos, nos meus entalhes.
Faz-me sentir amada, desejada, glorificada, preciso, preciso tanto, que me ensines, que me fales, que me cales. Amén.