terça-feira, 27 de setembro de 2011

ALGUÉM ME EXPLICA??





Não abordando a questão estética... ...
Alguém me consegue explicar como é que é possível circular com umas "meninas" destas em Coimbra?
É que eu, que tenho um doutouramento em saltos altos sob calçada portuguesa, estranho como conseguem as fashionistas deste país aderir a esta moda. A sério, como é que descem da Rua padre António Vieira à Praça da República sem ir parar ao Mondego...

Tenho de adorar o meu bairro!

o telemóvel uma manhã inteira no banco do passageiro do carro e os vidros intactos quando lá cheguei.

Obrigadinha, que ele faz-me falta =)
"Saber o que se espera, saber esta coisa sem fim, esta coisa, esta coisa, este emaranhado de silêncios e de palavras, de silêncios que não são silêncios, de palavras que são murmúrios. Palavras, palavras, a minha vida nunca foi senão isto, esta babel de silêncios e de palavras."

(Samuel Beckett)

domingo, 18 de setembro de 2011

"EDUQUE O SEU FILHO PARA SER FELIZZZZZ"

Campanha publicitária do Citibank espalhada pela cidade de São Paulo através de Outdoors:

"Crie filhos em vez de herdeiros."
"Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete."
"Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela."
"Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama."
"Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas."
"Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?"
"Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos."
"Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..."
"...e quem sabe assim você seja promovido a melhor ( amigo / pai / mãe / filho / filha / namorada / namorado / marido / esposa / irmão / irmã.. etc.) do mundo!"
"Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos."

E para terminar:

"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas e não o seu preço."

(Está tão bonito que nem numa vírgula mexi, foi todinho retirado daqui:
http://valderezoconselheiro.blogspot.com)

É assim então o teu segredo. Teu segredo é tão parecido contigo que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco como se o teu enigma fosse eu.

Clarice Lispector
“…Milagre é o coração começar sempre
no peito de outra vida."


Mia Couto in "a Chuva Pasmada"

sábado, 3 de setembro de 2011

O SÍNDROME BUZZ LIGHTYEAR

"A Troika manda cortar 550 milhões na saúde? O Governo corta 810. A Troika manda cortar 195 milhões na educação? O Governo corta 510. Passos & Portas seguem e reforçam o caminho iniciado por Sócrates nos PEC’s: para “acalmar os mercados” nada melhor que os surpreender com boas prendas e por antecipação. Se os mercados salivavam por uma penalização do trabalho, o Governo dá-lhes uma “penalização +”; se os mercados exigiam a privatização da electricidade, o Governo dá-lhes electricidade, águas e televisão.

Passos & Portas têm uma convicção: Portugal deve ser o Buzz Lightyear da Europa. Tal como o delicioso boneco de Toy Story, o Portugal de Passos & Portas tem um lema: “até ao infinito… e mais além!”. Ou seja, o que Passos & Portas estabelecem como horizonte para o país é ir até ao infinito da humilhação dos pobres, obrigados a exibir os seus documentos de pobres nos guichets para o passe + ou obrigados a trabalhar de graça para receberem o rendimento social; é ir até ao infinito da liberalização das relações de trabalho, com despedimentos pagos pelos próprios trabalhadores; é ir até ao infinito do desinvestimento na saúde ou na educação, com encerramentos a eito, desqualificação dos serviços e fim da sua cobertura universal. Mas isso não satisfaz Passos & Portas. E é aí que entra o mais além. Não lhes chega o trabalho gratuito dos pobres, não lhes chega a liberalização dos despedimentos, não lhes chega a imputação às famílias dos custos da educação e da saúde. Para tudo há um adicional. Por isso Paulo Macedo não esconde uma pontinha de orgulho em reconhecer na televisão que os cortes na saúde lesarão o interesse público. E Álvaro Santos Pereira anuncia com entusiasmo e emoção que estes cortes que o Governo vai fazer são a forma de o Estado dar o exemplo.

Buzz Lightyear, que clamava com farronca “até ao infinito e mais além!”, tinha uma debilidade: não percebia que não passava de um boneco. Portas & Passos não têm sequer esse álibi: sabem que são ferramentas políticas de uma agenda social e económica mais funda. Mas a principal diferença é outra: o filme de Buzz Lightyear tem um happy end; o de Passos & Portas é uma tragédia."

(Publicado hoje no esquerda.net )

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Afinal, não é de agora...

O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"

(Eça de Queirós , 1871)

cenas*

Um homem, ao voar num balão, dá conta de que está perdido.


Avista um homem no chão, baixa o balão e aproxima-se:

- Pode ajudar-me? Fiquei de encontrar-me com um amigo às duas da tarde; já tenho um atraso de mais de meia hora e não sei onde estou...

- Claro... que sim! - responde o homem:

O senhor está num balão, a uns 20 metros de altura, algures entre as latitudes de 40 e 43 graus Norte e a longitude de 7 e 9 graus Oeste.

- O Senhor é enfermeiro, não é?

- Sou sim senhor! Como foi que adivinhou?

- Muito fácil: deu-me uma informação tecnicamente correcta,precisa ao pormenor mas inútil na prática. Continuo perdido e vou chegar tarde ao encontro porque não sei o que fazer com a sua informação...

- Ah! Então o senhor é médico!

- Sou! Como descobriu?

- Muito fácil: O senhor não sabe onde está, nem para onde ir, assumiu um compromisso que não pode cumprir e está à espera que alguém lhe resolva o problema.
Com efeito, está exactamente na mesma situação em que estava antes de me encontrar. Só que agora, por uma estranha razão, a culpa é minha!...