sexta-feira, 18 de março de 2011

À rasca???

Sabem que mais, tenho uma palavra a dar a todos os que abrem as goelas para gritarem que são uns coitadinhos que herdaram um país em crise e estão à rasca (mas a conduzir o carro dos pais, a viver na casa dos pais, a vangloriarem o canudo patrocinado pelos papás, a fumar o tabaco financiado adivinhem lá por quem...)
Foram para a rua num dia destes queixarem-se da miséria em que estão...
Burgueses de caviar e fatos nova-iorquinos... Juventudes partidárias acéfalas...
Os papás ensinaram a vestir salsa e a dançar ballet, mas porventura esqueceram-se de lhes ensinar a fazer contas, contas à vida.
E depois é tudo doutor. Nunca vi tanto "Dr" por metro quadrado. Viam-se à rasca na 3ªclasse para construir uma frase com predicado mas, foram para faculdades privadas tirar o belo do cursinho, em vez de 3 anos fizeram render o curso em 5 (são díficeis que pensais?), e depois qualquer assistente social é doutor. O sr do talho da minha terra também usa bata branca, deverei enunciá-lo tambem como Dr?
Nesse dia da manifestação, estava de folga e sabem que mais, fui plantar batatas com a minha mãe.
Obrigada mãe, que me ensinaste que as coisas não caem do céu, o leite não vem dos supermercados e o "dr" a preceder o nome não dignifica tanto como o trabalho. Sim, "trabalho", que hoje em dia não se querem "trabalhos", pretendem-se "empregos", e de preferência pouco exigentes.
Perdoai-lhes senhor que não sabem o que fazem. Ah pois, eles não fazem nada, mas perdoa-lhes na mesma...
À rasca?.. epá, os meus pais ensinaram a sua prole a ser diferente: agradecida distintos progenitores por me permitirem ficar na escassa parte da juventude que prefere ser geração "do desenrasca!"

2 comentários:

  1. Cara Oreáde,

    Tens toda a razão, ainda há dias li que “a geração da abundância não sabe fazer sacrifícios e vê-se à rasca” numa qualquer coluna social de um qualquer jornal.

    Criaram-se necessidades muito diferentes das da geração dos nossos pais. Qualquer família portuguesa, seja de que classe social for, não dispensa a TV por cabo ou a internet de banda larga na sua habitação. Não digo isto como quem condena a evolução mas como quem sabe que há muita reticência aos sacrifícios.

    E mesmo no que diz respeito ao trabalho, parece que falta coragem em arregaçar as mangas e ir à luta, prefere-se vilipendiar oportunidades menos modelares.

    Enfim, espero que esta crise consiga despertar um lado benévolo de poupança e de partilha (afinal agora já ninguém usa a camisola do irmão mais velho e tem que haver uma playstation para cada criancinha).

    Querida irmã, ainda bem que lá em casa, sempre foi tudo das duas =D

    Aquele abraço!

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  2. "Perdoai-lhes senhor que não sabem o que fazem. Ah pois, eles não fazem nada, mas perdoa-lhes na mesma..."
    Dívino menina!

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