domingo, 1 de maio de 2011

mão indigna

-Se a minha mão indigna profana este santo relicário, os meus lábios, rubros peregrinos, estão prontos a, como leve expiração, suavizar esse rude contato com um terno beijo.
-Sois muito injusto para com a vossa mão, bom peregrino, pois ela mostra nisto respeitosa devoção; as próprias santas têm mãos que são tocadas pelas dos peregrinos, e esse contato é como se fosse um beijo desses bons romeiros.
-As santas e esses bons peregrinos não têm lábios?
-Têm lábios, de que se podem servir só para rezar.
-Deixa então, minha santa querida, que os lábios façam o que fazem as mãos. Eles pedem, aceita a sua súplica, para que a minha fé não se mude em desespero.
-As santas não se movem, mesmo que atendam os rogos que lhes façam.
- Então não vos movais enquanto eu recolho o fruto da minha prece. Assim os teus lábios purificam o pecado dos meus.
(Beijam-se)

Diz assim o sempre amado Shakespeare

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